segunda-feira, 31 de julho de 2006

Desencravanço

Hoje passei mais de metade do dia a encontrar desculpas para não trabalhar. Foi um ataque de perguiça tão grave que até me pus a ler coisas antigas que tinha escrito. E foi assim que uma história que estava encravada vai para dois anos, de repente, desencravou.
Sejam bem vindos de volta, Zé e Jaquim.


Foi ali mesmo, há muito tempo, que se conheceram. Ali nos baloiços do recreio, primeiro dia de aulas, os dois à espera de vez.
Não gosto da escola. Saltara-lhe isto da boca de repente, irritado também com a comichão que lhe davam as calças de lã que a mãe o obrigara a usar nessa manhã.
Não gostas porquê?
Porque não.
Isso não é resposta.
Diz quem?
Diz a minha mãe.
E quem é a tua mãe?
É a professora.
Isto calou o Zé Manel que já estava pronto para empurrar o menino da mamã para cima das miúdas que saltavam ao elástico.
A tua mãe dá réguadas?
A mim não.
Zé Manel mediu o miúdo de cima a baixo. Só parecia menino da mamã por causa do colete e dos sapatos engraxados.
Como é que te chamas?
Joaquim Manuel dos Santos Ferreira, disse o outro, suspenso na dúvida se deveria acrescentar que já sabia escrever o nome todo. Mas Zé Manel não o deixou dizer mais nada.
Tenho berlindes. Queres jogar?

1 comentário:

Nuno Pires disse...

Tiens, le blog a changé de tête !
Bonnes vacances à toi (je pars demain).