quinta-feira, 9 de junho de 2005

Acarinhar os Zombies

Ontem à noite saí com um amigo meu. Esplanada, copos.
Eu já andava com a impressão de que algo estava errado, mas, lentamente as minhas suspeitas confirmaram-se. O meu amigo transformou-se num morto-vivo. Os sintomas são óbvios: total falta de reacção. O motivo: anti-depressivos. A nação prozac está cada vez mais populosa, e tanto quando sei, este é o meu sexto amigo que se muda para esse mítico país de alienados.
O que irrita nisto é que a nação prozac é um sítio muito longínquo onde não há correio, email, telefone, berraria que nos valha para conseguir estabelecer contacto com os que para lá se mudam. É como se o amigo tivesse morrido, porque mesmo com ele à nossa frente, ele não está de facto lá. Não morreu. Mas é um morto vivo. Ausentou-se temporariamente e deixou um melão a substituí-lo, programado para dizer: "boa noite", "obrigado", "sim,sim", "pois,pois", tudo aquilo capaz de simular uma conversa.
Eu sei que o meu amigo está em estado de latencia, que há-de ressuscitar para os vivos como a Branca de Neve mas não sei se chegará o beijo do principe para o acordar. Aliás, a ausência do Principe é uma das causas para a depressão.
Da minha parte, por muito que me custe, sinto pouca empatia pelos zombies. Ao meu amigo tentaria dar carinho. Abraços, conversas, chás, cinemas, o que fosse preciso para o animar, mas pelo zombie sinto muito pouco. Espero que de facto apareça um principe para acordar este amigo. Nem precisa ser bonito, basta que tenha a paciencia necessária para dar um beijo a quem, aparentemente, não precisa dele.

2 comentários:

Anónimo disse...

Dany sweet, eu posso ajudar o teu amigo...essa coisa do prozac é mesmo boa, sabes as pessoas perdem complentamente o sentido de estar vivas e para combater a sua total ausencia de agressividade tomam essa "coisa boa" pois todos os seus problemas desaparecem...engano deles, pois quando regressarem do mundo prozac todos os seus problemas ca estarão, à sua espera, mais fortes, mais dificeis e menos doces, e perante o vazio deixado pela pilula da felicidade só ha uma solução, continuar a tomar o prozac.
bjs
j.

Daniel J. Skråmestø disse...

Com sorte pode ser que to apresente, Joselito ;-)